Professora América Castro também se posiciona sobre o caso do acervo bibliográfico da Bibiloteca Augusto dos Anjos em Sapé
Em relação à matéria publicada neste mesmo espaço na última quinta-feira(18), na parte em que o ex-secretário de Educação Kildare Freitas, da gestão passada, comandada pelo ex-prefeito Roberto Feliciano, entre os anos de 2013 a 2020, o jornalista e historiador formado pela UFPB, especialista em pesquisas sobre o passado remoto da cidade onde ele mesmo nasceu na década de 1960 (Sapé de Outrora), fez um total desmentido acerca do conteúdo das declarações feitas pelo ex-titular da Secretaria Municipal de Educação, na mesma época em que o sub-secretário municipal de Cultura era o escritor Jairo César.
“A matéria está incompleta na parte de Kildare. Ele põe a culpa no descaso em relação ao sumiço dos livros da Biblioteca Municipal na gestão do ex-prefeito João da Utilar e da professora América Castro, mesmo sem citar nomes. Faltou ele dizer que jogaram fora, durante a gestão dele e de Roberto, cerca de 1.500 livros doados ao longo do mandato de João da Utilar”, rebate o jornalista.
“Kildare mente quando diz que a maioria dos livros eram didáticos e foram doados por ele. Isso não é verdade. Havia livros raríssimos doados pela falecida Fátima Barbosa e por minha família, desde quando meu pai José Meireles foi Diretor do antigo Colégio Estadual e minha mãe, Niomar Helena, foi professora de curso primário e posteriormente secretária escolar no Grupo Escolar Gentil Lins”, continua Giovanni.
“O que eles fizeram com o acervo da Biblioteca é inominável. Pura maldade. Crime de lesa-cultura. Atentado à história humana”, acrescenta, explicando que Fátima Barbosa, que faleceu anos atrás, era uma das maiores doadoras de livros porque trabalhava na Editora Record, no Rio de Janeiro, e tinha laços profundos com Sapé, por ser filha do ex-representante do IBGE, Lamartine Barbosa (também já falecido) e amiga pessoal das filhas da ex-diretora do Centro de Treinamento de Professores, Alba Uchoa Rangel (Margareth Rose, Vera Lúcia e Aparecida de Fátima).
Giovanni comprova que foram extraviadas obras caras e raras, em qualquer prateleira ou estante de livros do Brasil, como por exemplo, as Enciclopédias completas da Barsa e Mirador. Ele disse que fez doações pessoais e também mobilizou vários amigos dele, para ajudarem a ampliar e atualizar o acervo da Biblioteca Augusto dos Anjos, como por exemplo: o historiador José Octávio de Arruda Mello, o professor Itapuan de Botto Targino e o diretor da Funetec (Fundação Cultural da antiga Escola Técnica de João Pessoa), advogado Anselmo Castilho, entre outros doares de livros. “A Barsa Universal, composta por 18 volumes com 130 mil verbetes, foi lançada no Brasil em 1964, pela herdeira detentora dos direitos autorais da Enciclopédia Britânica Clássica, Doritta Barret, que contratou para traduzir do texto original em inglês para o idioma português, renomados brasileiros: tradutor Antônio-Houaiss, escritor Jorge Amado, arquiteto Oscar Niemeyer. Só em 1990, foram vendidas 120 mil coleções completas. A mesma editora também lançou a Mirador Internacional, que possui 20 volumes e 11.565 páginas, em 1976”, diz Meireles.
Para finalizar, ele mostra provas fotográficas que documentam a existência desses livros, através de registros feitos por acaso, aleatoriamente, durante a solenidade de inauguração do Telecentro Comunitário Niomar Helena (mãe de Giovanni), em 2009, cujo prédio e equipamento técnico como computadores, mesas de trabalho, cadeiras, etc, também foi dilapidado pela gestão anterior.
O que diz a ex-secretária América Castro?
Em contato com o jornalista Giovanni Meireles, neste sábado (20), a professora América Castro, ex-secretária de Educação e Cultura de Sapé e atual ocupante do mesmo cargo na Prefeitura de João Pessoa, se ofereceu para depor em audiência sobre o sumiço de livros da Biblioteca Municipal, no Ministério Público, caso seja convocada pela Promotora de Justiça da cidade, Caroline Freire Monteiro da Franca. “Pode marcar o dia e a hora, que eu farei questão de comparecer pessoalmente para testemunhar sobre tudo que aconteceu nesse extravio do acervo literário da biblioteca”, enfatizou América.
Ela disse que: “Se passaram oito anos da gestão anterior e aí eu faço uma pergunta. Se havia falhas na construção, se o teto do prédio que nós reformamos estava caindo, se havia goteiras, porque eles resolveram abandonar tudo e não fizeram nada, mesmo contando com esse tempo todo à disposição das autoridades municipais responsáveis pela área de Educação?”, questionou América.
América acrescenta que ela possui fotografias e documentos comprovando que as instalações da Biblioteca Municipal, assim como as coleções de livros existentes nas prateleiras e estantes, foram entregues em perfeitas condições à gestão seguinte à dela, já sob responsabilidade do então prefeito eleito Roberto Feliciano (2013 a 2020). “Podem até querer tentar jogar essa culpa do sumiço dos livros pra mim, mas não existe justificativa para isso. Podem me convocar para uma audiência no Ministério Público que eu vou de livre e espontânea vontade e ainda levo mais, junto comigo – inclusive – a pessoa que era responsável na época, pela administração da Biblioteca, além dos documentos que ela guardava sobre as doações feitas”, finalizou América.
A foto do Google Maps, datada de novembro de 2012, penúltimo mês da gestão de João da Utilar, mostra os prédios da biblioteca e do telecentro em perfeito estado de conservação. A foto pode ser consultada no site do aplicativo.
O Portal GPS cumpriu a missão jornalística de ouvir todas as versões sobre o fato, cabe agora à atual gestão investigar, cobrar e instaurar o processo administrativo a respeito do sumiço do acervo bibliográfico, atribunido, a quem de direto, as respectivas responsabilidades.
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Da Redação do Portal GPS.
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