PONTO DE VISTA – Por José Ricardo 21.07.2020
Não sabemos mais o que é pior no atual contexto social: “o cidadão que se julga acima da lei” ou o “fora da lei”. Na minha análise simplista e revoltada, defendo que a arrogância do cidadão que se julga acima da lei o transforma na figura mais desprezível que existe numa escala decrescente do caráter humano.
Essas figuras que moravam presas em seus castelos sombrios que predominam o habitat do totalitarismo estão retornando ao convívio social tentando impor sua marca perversa e miasmática, em posturas ridículas, risíveis e asquerosas, colocando suas classes em tremendas saias justas. Sim, porque traças do tipo de um desembargador de Santos, que protagonizou espetáculo ridículo e desrespeitoso, não são regras atualmente. Trata-se de exceções, que infelizmente ainda gozam da simpatia de alguns simpatizantes do modus operandi de pessoas arrogantes e prepotentes.
Relembrando o caso, um guarda civil, cumprindo as determinações impostas por um Decreto Municipal, solicitou a um cidadão transeunte que colocasse a máscara de proteção do Corona Vírus.
Essa atitude da autoridade municipal foi o suficiente para desabrochar no dito desembargador a percepção de que a isonomia constitucional não se estende a todos, portanto a sua classe de desembargador deve ser preservada dos ditamos da lei. Isso é bastante comum. Essa tentativa de impor vontades, respaldada no falso conceito de poder/dever tem se tornado prática no momento de pandemia em que vivemos. Já outro dia tivemos a ridícula cena de um casal que vislumbrou ter o direito de menosprezar as pessoas, cautelados por um falso status social. “Cidadão, não! Ele é engenheiro. Muito melhor que você!” Essa célebre frase foi defecada pela esposa do suposto engenheiro, que depois se apurou que ele fraudou os registros do auxílio emergencial sem fazer jus ao mesmo. Quer dizer, atitude típica do “cidadão de bem”. Não precisa comentar mais nada não é mesmo?
Voltando ao ilustre desembargador, discute-se no meio jurídico que o mesmo cometeu no mínimo três crimes: “Tráfico de influências”, quando se utiliza de telefone para ligar para o superior hierárquico do guarda; Desacato à autoridade, quando rasga a multa recebida de forma desrespeitosa e “Abuso de Autoridade”, quando se utiliza da velha e conhecida “carteirada” para intimidar o guarda (a verdadeira autoridade naquele momento|).
Diante de tantos problemas que já colecionamos, agora temos de tratar dessas figuras asquerosas que se apresentam acima da lei e dos outros. Esperamos que a justiça não fique apenas no terreno da aposentadoria compulsória, porque aí não teríamos justiça e sim um benefício.
Fatos como esses vão se somando e nós, pobres mortais, temos apenas o direito de sentir vergonha alheia, e a obrigação de delatar atos espúrios de uma parte da sociedade que fede.
https://www.poder360.com.br/opiniao/justica/era-uma-vez-um-desembargador-que-nao-se-sujeitava-a-lei-escreve-roberto-livianu/?fbclid=IwAR0WGXXqnbj5NiZc1Nf2Wyv9a97GoXionic58Mhwo16NxiB-BMdxiOZf2IE
- TEM DOR QUE É SÓ DA GENTE - 7 de setembro de 2020
- UM PAI PRESENTE É UM PRESENTE DO PAI - 12 de agosto de 2020
- O DESEMBARGADOR DA VERGONHA - 21 de julho de 2020