Essa afirmação do antropólogo e escritor brasileiro Darcy Ribeiro deixa bem claro que as classes dominantes não querem que as classes populares cresçam intelectualmente e tenham consciência do contexto social em que estão inseridas.
Dentro dessa perspectiva, é preponderante uma análise da qualidade do ensino público brasileiro, notadamente o básico: escolas sucateadas e a classe docente extremamente desvalorizada faz-se presente quando o assunto é educação.
Nesse sentido, as profissões de pedagogia e licenciatura nunca foram tão desprestigiadas como na atualidade: baixíssimos salários, falta de estrutura de trabalho, falta de projeto de ascensão na carreira e até riscos às integridades psicológica e física estão na ordem do dia aos que insistem nesse ato de resistência que é ensinar.
Dessa forma, ao chegar na hora de escolher o curso universitário, muito raramente um bom estudante opta pela docência, preferindo carreiras mais valorizadas como medicina, direito e engenharia. E não é de se esperar que seja diferente, uma vez que, hodiernamente, o salário de um educador reduz-se, não raro, ao valor do vale-alimentação de um juiz, por exemplo.
Como se não bastasse, em época de governo fascista, ainda temos que assistir de camarote figuras públicas e representantes do povo conclamando a população a fazer patrulhamento a alguma eventual “doutrinação marxista” por parte dos educadores, a exemplo da deputada estadual do PSL eleita por Santa Catarina Ana Caroline Campagnolo, que usou as redes sociais para incitar os estudantes a filmar e denunciar professores que porventura usassem as salas de aula para falar de assuntos relacionados a política, tentando, dessa forma, coibir qualquer debate a respeito da realidade.
Diante de tudo isso, se quisermos, no futuro, um país com mais igualdade e justiça social, deveremos eleger candidatos a cargos públicos que tenham como compromisso primordial uma mudança radical no sistema de educação pública.
Magna Costa é engenheira agrônoma e pesquisadora da Embrapa – Campina Grande – PB