Símbolo diferente do oficial é utilizado como identidade da Prefeitura e Câmara de Sapé. O brasão faz referências à história, religião e economia do município
Já faz alguns anos que a Prefeitura e Câmara Municipal de Sapé utilizam um brasão diferente do símbolo oficial em suas correspondências, logomarcas e eventos oficiais, causando perplexidade nos mais atentos, mesmo sendo obrigação dos poderes constituídos de respeitar e preservar os símbolos oficiais do município.
A atual gestão municipal acompanhou o descuido com o símbolo municipal e também adotou o brasão modificado ilegalmente na propaganda institucional, chegando a anunciar o ato como identidade visual do atual governo. “Nossa identidade visual passou por mudanças, garantindo o brasão do município e as cores da bandeira como símbolos oficiais da nova gestão, que iniciou os trabalhos em 1º de janeiro”, diz a postagem oficial nas redes sociais. Contudo, nem o brasão e nem as cores anunciadas são as oficiais.
O fato é que a bandeira, o hino e o brasão são símbolos municipais que têm cores, descrições, significados e formas descritas na Lei Municipal nº 447, de 04 de agosto de 1980. O Brasão de Armas de Sapé é de Lauro Ribeiro Escobar para a Enciclopédia Heráldica Municipalista. A lei assim descreve o brasão municipal “(…) escudo ibérico, de blau, com chaveirão de prata, carregado de três flores de liz do campo, acompanhado em chefe de duas abelhas estendidas e em ponta de um canitar, tudo do segundo. O escudo é encimado de coroa mural de prata, de oito torres, suas portas abertas de sable e tem como suporte, à dextra e sinistra, hastes de cana de açúcar, carregadas ao pé de abacaxis, tudo ao natural. Listel de blau, com o topônimo “Sapé“ em letras de prata”.
A própria lei faz a interpretação de cada item, mostrando o significado de cada elemento e suas cores:
“a) – o escudo ibérico era usado em Portugal à época do descobrimento do Brasil e sua adoção evoca os primeiros colonizadores e desbravadores de nossa Pátria;
b) – a cor blau (azul) do campo do escudo representa a justiça, formosura, doçura, nobreza, vigilância, serenidade, constância, firmeza incorruptível, dignidade, zelo e lealdade, atributos de administradores e munícipes, que se desdobram na diuturna luta pelo progresso do Município;
c) – O chaveirão é peça honrosa de primeira ordem, sendo símbolo dos telhados dos castelos e de elevação moral, a indicar a dignidade moral dos habitantes de SAPÉ;
d) – As flores de liz, são símbolos de Nossa Senhora e aludem à Santíssima Padroeira de Sapé, Nossa Senhora da Conceição;
e) – as abelhas designam em heráldica a atividade, telhado, indústria, parcimônia, previdência e doçura, afirmação de ser o povo de SAPÉ laborioso e ativo e evocativo, também da indústria açucareira, dos engenhos que presidiram à fixação do homem à terra e contribuem, até os dias de hoje, para o progresso do Município;
f) – o canitar indica que antes da chegada do homem branco, o local onde situa o Município de SAPÉ, era habitado por aborígenes da nação Potiguar;
g) – o metal prata é emblema heráldico de felicidade, pureza, temperança, formosura, verdade, franqueza, integridade e amizade, a salientar o clima de amizade, harmonia e compreensão de que desfrutam os munícipes;
h) – a coroa mural é o símbolo da emancipação política, e, de prata, com oito torres, das quais unicamente cinco estão aparentes, constitui a reservada às cidades. As portas abertas de sable (preto) proclamam o caráter hospitaleiro do povo de SAPÉ;
I) – as hastes de cana de açúcar e os abacaxis atestam a fertilidade das terras generosas de SAPÉ, importantes produtos e apontam as lides do campo como o fator básico da economia Municipal;
j) – no listel, o topônimo “SAPÉ”, identifica o Município.”
A Lei também trata do respeito e fidelidade às cores, que devem obedecer às cores heráldicas, as mais comuns são Jalde ou Or (ouro), Argento (prata), Blau ou Azure (azul), Gules (vermelho), Sable (preto), Sinopla ou Vert (verde) e Purpure (púrpura).
Se compararmos o brasão oficial com o utilizado pela Prefeitura atualmente, podemos observar incialmente a mudança da tonalidade do azul, as cores das canas e dos abacaxis, a faixa prata foi trocada por uma branca, as abelhas e as torres tiveram cores e formatos modificados, dentre outras modificações.
A modificação do brasão municipal representa um desrespeito à história do município. “Imaginem mudar as tonalidades da bandeira do Brasil ou modificar a lei do Hino Nacional. É um desrespeito à nossa história, à religiosidade do povo e aos que lutaram pelo progresso de nossa terra”, disse Jorge Galdino, editor do Portal GPS.
O Portal GPS consultou o jornalista sapeense, Giovanni Meireles, conhecedor da história do município de Sapé, que se demonstrou indignado com as alterações no brasão do município. “Puxa vida. Fiquei emocionado. Vi tudo isso acontecer antes de virar lei. Jogaram no lixo uma legislação de 40 anos de existência, aprovada pela Câmara municipal. Absurdo histórico”, disse Giovanni.
Veja a lei completa sobre os símbolos municipais no arquivo abaxio:
Da Redação do Portal GPS.
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