Por José Ricardo
As constantes polêmicas beligerantes que têm origem no Presidente Bolsonaro desnuda o projeto de instalação de um modelo político baseado nos ideais do anarquismo, modelo político que surgiu no ocidente do fim do século XIX e avançou o XX, onde a ideia básica era o afastamento do estado no marco civilizatório, quando apenas os cidadãos deveriam tomar as decisões que para o conjunto da sociedade. Quer dizer, para o anarquismo o Estado era um inimigo da sociedade e deveria ser banido.
Observemos que o Presidente escolheu alguns segmentos para a sua perseguição com o intuito de minar a importância de alguns órgãos, a exemplo da imprensa oficial, do STF, do Congresso, para citar alguns. Para isso tenta implantar na mente dos seus seguidores mais ferrenhos a ideia de que essas instituições são inimigas da sociedade.
Dessa forma o Presidente vem chutando o pau da barraca, abandonando o ritual do cargo de Chefe da Nação e cometendo verdadeiras loucuras sob o olhar complacente das instituições que respaldam a democracia. Em outros tempos não teríamos chegado ao atual estágio de baderna institucionalizada. Hoje, os cuidados são redobrados para não recrudescer o relacionamento entre os poderes e causar um prejuízo maior, na visão deles. Particularmente, acredito que não existe prejuízo maior do que a manutenção do desastre Bolsonaro no comando do executivo. Está causando e vai causar muitos danos e estragos ao Brasil a continuidade da gestão bolsonariano pela simples razão de que não existe um projeto de país e sim um projeto pessoal de poder.
É uma tática covarde e criminosa ficar minando as instituições democráticas e a imprensa oficial, colocando o povo contra essas. Em último deplorável episódio, ao ser indagado sobre os motivos da insistência em interferir na Polícia Federal do Rio de Janeiro, o senhor Bolsonaro, aos berros e espumando de ódio, disse: “cala a boca. Não te perguntei nada”. Concordar com esse posicionamento mal educado do Presidente é nivelar-se ao patamar rasteiro e truculento, marca maior desse Governo. É imaturo querer barrar a imprensa, que tem papel fundamental na democracia e não é papel seu ficar fazendo perguntas, engessada por um manual de boa convivência com o Presidente. A imprensa oficial não pode agradar o entrevistado. Querer algo diferente disso e aplacar o projeto de anarquismo em execução pelo ex-capitão e hoje Presidente de uma das mais importantes nações do mundo, mas que está retrocedendo aos primórdios da civilização.
Cala a boca não cabe em nenhum contexto. Cala a boca não se justifica em nenhuma situação. O presidente de um País tem de conviver com o total da população e não apenas com aqueles que lhe sufragaram o voto. Essa possibilidade não existe e deve ser refutada a qualquer custo.
Pelo jeito, o Presidente ainda não percebeu que a sua autoridade não pode ir além do que preceitua a Constituição. Fica nítida a sua condição de truculência e ignorância total quando em uma fala à imprensa teria dito que ele seria “autoridade suprema” e que não iria pedir licença a ninguém para cometer crimes. Quer dizer, o próprio tem a convicção de que é um criminoso. É ele que se auto intitula criminoso.
Realmente estamos à deriva e a solução que se deseja é a saída do presidente da chefia do Executivo, de preferência através de renúncia, já que um processo de impeachment percorreria um caminha um pouco longo, mormente a situação da pandemia que tem nos tirado o sono. Na impossibilidade de isso acontecer, precisamos cobrar do presidente da Câmara atitude mais enérgica para estancar o câncer que corrói a República e a Democracia, senão, quando acordarmos já será tarde.
Não vamos nos encolher diante dos berros de “cala a boca”. Os brasileiros conscientes já se deram conta das intenções nebulosas e não vão calar a boca, como também não irão os órgãos da imprensa oficial que ratifica a sua importância social quando trazem ao nosso conhecimento informações do meio científico, da OMS e dos institutos de pesquisas, de forma ordenada, que também servem de base para a tomada de decisões do poder público. E o povo ? Ah! Esse precisa tomar vergonha na cara, cair na real e entender o que está acontecendo no mundo, recrudescendo aqui no Brasil, colocando-nos numa posição de vergonha, tristeza e dor. Não merecemos isso. Efetivamente não merecemos.
“Cala a boca já morreu. Quem manda na minha boca sou eu”.
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