No dia da Mata Atlântica, projeto da Cepan recupera florestas nativas na Paraíba

No último dia 27 de maio foi celebrado o Dia da Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos em biodiversidade no planeta – e também um dos mais ameaçados. As florestas atlânticas brasileiras são lar para vasta riqueza biológica, com espécies únicas de fauna e flora, mas conservam apenas 12% de sua cobertura florestal nativa. Com esforços para barrar a degradação do bioma e incrementar o número de áreas florestadas, o Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) implementa um projeto no Estado da Paraíba que inspira esperança e renovação para a Mata Atlântica no Nordeste brasileiro.
Desde março de 2020 a instituição sediada no Recife-PE desenvolve um projeto que visa restaurar a conectividade estrutural no Corredor Pacatuba-Gargau. O trabalho consiste em planejar e executar, até 2022, ações de reflorestamento em uma área de 250 hectares, conectando trechos de Mata Atlântica nativa já existentes na região. A área interliga florestas em duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) – a Fazenda Pacatuba, no distrito de Santa Helena, em Sapé-PB, e o Engenho Gargaú, que tem sede em Santa Rita-PE, ambas em propriedades da Usina Japungu.
Durante o ano de 2020, o Cepan conseguiu restaurar 31 hectares, com perspectiva de gerar 110 mil novas árvores. Para 2021, a meta é atingir 90 hectares recuperados até o fim do ano, podendo gerar até 300 mil árvores. A proposta é que, com o aumento da vegetação nativa, a biodiversidade tenha mais espaço para crescer, beneficiando espécies únicas como o guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul) e o macaco-prego-galego (Sapajus flavius), este último ameaçado de extinção devido a ações antrópicas como desmatamento, queimadas e caça.
As restaurações na Paraíba acontecem através de três técnicas – a condução da regeneração natural, na qual são aplicadas técnicas de silvicultura para aumentar o potencial das árvores se desenvolverem naturalmente nas áreas de atuação; o plantio de mudas, que usa pequenas plantas cultivadas em viveiros; e a semeadura direta, técnica que tem revolucionado o mercado da restauração florestal – coletores captam sementes em áreas estratégicas da natureza. Estas sementes são preparadas para compor a muvuca, mix de sementes que é semeado diretamente em solo preparado.
Só em 2020, os trabalhos do Cepan requisitaram 10 mil mudas de 40 espécies nativas e 300 kg de sementes de mais de 50 espécies. O próximo plantio, agora em 2021, será de 40 mil mudas. A demanda por esses insumos estimula a corrida por capacitação e profissionalização de fornecedores locais, gerando uma oportunidade socioeconômica. Em parceria com a Usina Japungu, o Cepan estrutura a criação de um núcleo de coleta de sementes nativas da Mata Atlântica na Paraíba. A técnica, que simula o processo de sucessão ecológica da floresta, além de ter um baixo custo de manutenção, oportuniza a geração renda complementar para trabalhadores da região.
Confira imagens da visita de campo feita neste fim de maio:

“Temos a Mata Atlântica como um ponto estratégico de biodiversidade endêmica, possuindo alto número de espécies ameaçadas de extinção. O projeto vai além dos serviços ambientais que essas áreas geram – recursos hídricos, energéticos e alimentares. Estaremos restaurando habitats e aumentando a cobertura vegetal envolvendo pessoas locais na cadeia produtiva, empoderando-as da importância do que está sendo realizado”, comenta Joaquim Freitas, coordenador geral do Cepan. O projeto de restauração florestal no Corredor Pacatuba-Gargaú é executado pelo Cepan com apoio da startup alemã Ecosia e das empresas Japungu Agroindustrial e Eco Occelot.
Da Cepan.
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